sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O Tico-Tico

Zé Caipora, de Angelo Agostini.

Nosso país também teve seu precursor na criação de histórias de características quadrinizantes. Foi Ângelo Agostini, cartunista italiano radicado no Brasil. Agostini, autor de desenhos de teor cômico, mas ainda assim de cunho crítico, utilizava-se em suas histórias dos cortes gráficos que viriam a ser um dos elementos determinantes na futura criação das histórias em quadrinhos.

Em 30 de janeiro de 1869 surgia, então, a primeira história em quadrinhos brasileira: era As Aventuras de Nhô Quim. Publicada pela revista Vida Fluminense, do Rio de Janeiro, a história contava, em episódios, as desventuras de um homem simples do interior do Brasil. O primeiro capítulo possuía 20 imagens em páginas duplas e chamava-se “De Minas ao Rio de Janeiro”.

Agostini produziu, sem periodicidade certa, nove capítulos das aventuras de Nhô Quim. Dois anos depois da publicação de seu nono episódio, a história foi continuada pelo cartunista Cândido Aragonês de Faria, que publicou mais cinco capítulos do personagem. Em 1883, o Agostini deu início à sua segunda série, As Aventuras de Zé Caipora, publicada na Revista Illustrada.

Recentemente, o Senado Federal lançou um álbum de luxo, organizado pelo jornalista Athos Eichler Cardoso, que republica as aventuras dos dois personagens e mostra às novas gerações o traço afiado de Agostini, e como ele conseguiu, por meio deles, captar a vida política e do povo de sua época.

E no mesmo ano da publicação de Little Nemo nos Estados Unidos, surge no Brasil a revista O Tico-Tico. Idealizada por Manuel Bonfim e Renato de Castro, a revista possuía uma tiragem inicial de 27 mil exemplares e foi publicada até o fim dos anos 1950. No começo, a maioria do material de suas páginas era franco-americano, que foi sendo substituído ao longo do tempo por trabalhos de artistas nacionais, quadrinizados ou não. Passaram por suas páginas artistas como Alfredo Storni, Cícero Valladares, Nino Borges e J. Carlos, que contribuíram para que a revista trouxesse sempre informações históricas, folclóricas e geográficas de nosso país.

A revista, ainda assim, publicava material estrangeiro como As Aventuras do Gato Maluco (de Herriman), As Aventuras do Ratinho Curioso (na verdade, Mickey Mouse), As Aventuras do Gato Félix e As Aventuras de Chiquita (a francesa Bécassine). Mas o personagem símbolo de O Tico-Tico viria a ser Chiquinho, que na verdade era o personagem norte-americano Buster Brown, lançado por R.F. Outcault em 1902. Mas se os desenhos eram decalcados diretamente do suplemento original onde era publicado, o cartunista Luís Gomes Loureiro procurava adaptar as histórias à realidade brasileira, o que culminou na inclusão de um personagem inexistente na série americana: o negro Benjamim.

O Tico-Tico, de 1905.

Em 2005, comemorando o centenário de O Tico-Tico, a editora Opera Graphica lançou um livro com artigos sobre a revista, assinados por diversos especialistas em histórias em quadrinhos, como Álvaro de Moya e Sonia M. Bibe Luyten.

Edição Comemorativa de 100 anos de O Tico-Tico.


Fonte:  hqmaniacs.uol.com.br

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